Palácio do Catete

Localizado na zona sul do Rio de Janeiro, o bairro do Catete, é um lugar com muita história pra contar. Tem como principal ponto turístico o Palácio do Catete e dentro dele o Museu da República. Além da relevância histórica e cultural, possui um jardim belíssimo, um convite para quem está em família. Neste artigo vamos fazer uma viagem n0 tempo nesse belo palácio, compartilhando algumas dicas para quem deseja visitar. Vem comigo!

Particularmente, escrever sobre o Palácio do Catete é contar um pouco da minha própria história, já que cresci brincando nesses jardins e conheço cada cantinho desse lugar. Circular pelo interior dele me traz lembranças maravilhosas já que esse foi o primeiro palácio que entrei. Conforme fui crescendo, me interessei em estudar sua história e pesquisei muito sobre o assunto. Sem perceber me tornei uma expert sobre Palácio do Catete e me sinto realizada em compartilhar com vocês tudo o que conheço sobre esse lugar. Então aproveite que você não encontrará em lugar nenhum nessa internet um artigo mais especial que esse. Palavra de Vanessita!!!

O palácio do meu coração!!!

O Museu: uma viagem na história do Brasil

Vamos começar olhando o exterior do prédio. Ao atravessar a rua em direção ao museu podemos notar a beleza arquitetônica. Diante de tanta beleza, vamos entender o contexto histórico da sua construção. O Palácio do Catete foi construído no início do século XIX, quando a cidade começava a expandir sua área para zona sul (antes a ocupação era praticamente concentrada no centro da cidade). Surgiam novos caminhos de penetração urbana e o caminho do Catete, que antes era uma grande extensão de mato junto ao mar e ao Rio Carioca, surgindo pequenas chácaras e alguns sobrados em estilo colonial. Até que em 1858, Antônio Clemente Pinto, o Barão de Friburgo, resolveu construir sua residência nesse local. O Palácio de Nova Friburgo(como era conhecido na época), foi construído com a intensão de afirmar a posição social e o sucesso econômico do proprietário. O Barão de Nova Friburgo, nascido em Portugal, chegou ao Brasil como a maioria dos portugueses, sem nenhum vintém, acabou relacionando-se com fazendeiros ricos da época e através do apoio de seus amigos, especulações bem sucedidas na compra e venda de escravos e outros negócios, tornou-se dono de fazenda e um homem abastado. Além do Palácio do Catete, o barão construiu também outro palácio em Friburgo e uma estrada de ferro para escoar a produção de café, sendo responsável pelo desenvolvimento da região serrana fluminense na época.

O Barão e a Baronesa de Friburgo: nas mãos do barão a planta da Estrada de Ferro Cantagalo, do lado direito a maquete do Palácio e ao fundo o Solar do Gavião (propriedade em Friburgo)

Agora vamos entrar no museu. Após passar pela bilheteria, ainda no hall de entrada temos uma bela escada com direito a tapete vermelho. Belíssima!!! Impossível resistir e não tirar uma foto. A escada principal do palácio, construída em módulos pré-fabricados, de ferro fundido, foi uma das primeiras a serem utilizadas no Brasil. Para seu assentamento foi contratado o serviço do arquiteto alemão Otto Henkel em 1864. No decorrer da visita ao interior do palácio repare na riqueza de detalhes, junto com o apurado acabamento, não só da escada, como do teto, das portas, das maçanetas douradas, etc.

Além dos aspectos decorativos, podemos notar a presença da história logo no hall de entrada. Embaixo da escada temos uma sequência de quadros com fotos dos presidentes da república que começa do lado esquerdo com Marechal Deodoro até o Washigton Luis do lado direito, representando o período da república velha.

A famosa escada
Detalhe da escada moldada

Ainda no térreo, temos uma sala que mostra um pouco a história do palácio na época do barão. A família do Barão de Friburgo ocupou o palácio de 1866 até 1889. Nessa sala mostra um pouco de como o palácio era divido na época: no térreo estavam os quartos destinados a empregados mais íntimos, ao fundo um salão para refeições voltado para o jardim, no segundo pavimento os salões destinados a festas e a capela, no terceiro pavimento ficavam os dormitórios. No anexo estava a cozinha, o alojamento dos demais empregados e a cavalariça. Infelizmente o barão pouco usufruiu do palácio, falecendo em 1869. O filho mais velho, Conde de São Clemente, herdou a residência na capital e o filho mais novo as propriedades rurais da família.

Para dar continuidade na nossa visita ainda no início do século XIX, vamos dar uma pausa na visita no térreo e subir para o segundo andar. Subindo a escada, teremos acesso ao andar dos belos salões do palácio que foram palcos de muitas festas da família, com a presença da ilustre sociedade carioca. Um exemplo foi o casamento de Alice Clemente Pinto, filha do Conde São Clemente. A cerimônia ocorreu na capela do palácio, com a participação de banda de música do Arsenal de Guerra e presença de ministros, políticos e escritores, tais como Pereira Passos, Rui Barbosa e Machado de Assis. A capela fica na primeira sala perto da escada. Em seguida vem o Salão Azul (ainda com móveis originais estilo Luis XVI) e depois o Salão Nobre (lindo!!!), onde ocorriam as festas e recepções.

Os salões do segundo andar foi palco de muitos bailes frequentados pela nobreza imperial. Anos depois, já na era republicana continuou sendo utilizados como sala de música e para realização dos famosos saraus promovidos por D.Nair de Teffé, ao som de Chiquinha Gonzaga, escandalizando a sociedade da época.

Capela
Salão Azul
Salão Mourisco
Salão Nobre

A partir de 1883 o conde mudou-se para Friburgo, ficando no palácio sua filha Alice e o marido. No final de 1889 o conde acabou vendendo a propriedade para a Companhia do Grande Hotel Internacional que pretendia transformá-lo em um hotel de grande porte. No entanto, um de seus acionistas, Francisco de Paula Mayrink, adquiriu a maioria das ações, tornando-se proprietário único e utilizando o palácio como propriedade particular. Residiu no local apenas por três anos e depois utilizou o prédio apenas como ”casa de veraneio” em fins de semana e emprestando para amigos em lua de mel e festas sociais. Devido a problemas econômicos, Mayrink foi obrigado a hipotecar o palácio como condição de empréstimo adquirido no Banco da República, que em 1896 passou a ser propriedade do governo federal.

Francisco de Paula Mayrink

A partir desse momento, após uma reforma, o Palácio Nova Friburgo tornou-se o Palácio do Catete e passou a ser moradia dos presidentes da república, transferindo a sede do Palácio do Itamaraty (centro) para um bairro residencial aristocrático. O primeiro presidente a morar no palácio foi Prudente de Moraes e o último foi Getúlio Vargas.

Após a venda do palácio para o governo federal, foi feita uma reforma geral no lugar para adaptar-se as novas necessidades republicanas, afinal aquele lugar se tornaria a residência oficial do presidente da república. Entre as mudanças ocorridas na reforma, podemos destacar a construção dos jardins, transformando um grande pomar em um jardim público, com rio artificial, pontes, chafariz, gruta e luminárias (com luz elétrica, a inovação tecnológica do momento!). Em 1897, aquele mesmo prédio que representou a sofisticação dos tempos imperiais, transformava-se no símbolo da república capitalista emergente, passando a ser sinônimo do poder central da república. Dentro do museu, explorando um pouco mais o andar térreo, vamos entrar no Salão Ministerial que possui uma visão privilegiada dos jardins do palácio. Vejam só.

Luminárias e jardim artificial – mudanças de uma era imperial para republicana
Foto da Estátua da República
Entrada do Salão Ministerial (um dos melhores ângulos para uma foto perfeita)

Vamos observar esse ambiente. A sala possui uma mesa enorme onde o presidente fazia as reuniões com os ministros. A decoração é muito rica em detalhes, que vão desde o teto até quadros e móveis. Lembra desse quadro? Ele já foi mencionado aqui no blog no post sobre Paquetá (clique aqui). Chama-se ”A Pátria” e foi pintado por Pedro Bruno. É uma pintura que mostra o espírito republicano da época.

Salão de Reuniões
Galeria de fotos dos Presidentes da República Velha

Mas foi a figura do presidente Getúlio Vargas que acabou reinando no Palácio do Catete sem sombra de dúvida… Por esse motivo temos um andar inteiro de exposição sobre ele, aproveitando inclusive o aposento onde Vargas suicidou-se. Em 1930, Getúlio Vargas assume a presidência, instalando-se no Palácio do Catete. Porém no ano seguinte mudou-se para o Palácio do Rio Negro, em Petrópolis (residência de verão da presidência) alegando não adaptar-se as instalações do Catete e em 1934 transferiu-se para o Palácio Guanabara. Contudo, um dos hábitos que o presidente Vargas adquiriu no período que residia no Palácio Guanabara, era o de caminhar do Palácio do Catete até sua residência no final da tarde. As famílias sentavam para ver Getúlio passar, e ele os cumprimentavam com um sorriso sempre amável.

Exposição de Getúlio Vargas
Posse de Getúlio Vargas

No governo Dutra, o Palácio do Catete passou por reformas internas e principalmente nos seus anexos. Assim Getúlio voltou a morar no palácio em seu segundo governo, e, conforme ele mesmo prometeu: ” Se eleito, o povo subirá comigo as escadarias do Catete.”

Getúlio instalou-se em um dos aposentos do terceiro pavimento, na lateral do prédio voltada para o jardim. Decidiu aproveitar o mobiliário que usava quando residia no Palácio Guanabara. O desfecho da trajetória política e de vida de Vargas contribuiu ainda mais para reforçar o mito construído sobre sua personalidade e marcar definitivamente o Palácio como espaço simbólico referencial da República.

A exposição possui várias informações referentes a Era Vargas, que vai desde objetos da época até a carta suicídio de Vargas, compondo um local de memórias da história republicana. Para quem gosta do assunto, uma visita ao Museu da República é imperdível!!!

Pijama original usado por Getúlio na noite do suicídio
Quadro de Getúlio Vargas

Durante o período em que o Rio de Janeiro foi a Capital da República, dezenove Presidentes ocuparam o Palácio, sendo Juscelino Kubitschek último a utilizá-lo entre 1956 a 1961, quando ocorreu a transferência da sede da República para Brasília., embora esta tenha sido inaugurada um ano antes, ou seja, em 1960.

Um passeio pelos jardins do Palácio

Agora, que tal um passeio agradável pelos jardins de um verdadeiro palácio?

O Palácio do Catete possui um jardim extenso, com muitas árvores, plantas, lagos artificiais, parquinho para criança. Um convite para quem quer relaxar, ler um livro ou simplesmente ficar admirando a paisagem. O jardim possui várias estátuas, a maioria colocadas na época da reforma, quando o local tornou-se Palácio da República. Podemos notar a presença de várias espécies de plantas e flores. É muito bonito!!! Tem até uma gruta para alegria da criançada!!! Outra presença marcante são as aves: patos, marrecos, pombos e garça. Muito legal!!! Essa é a parte mais bonita do jardim na minha opinião: uma pedra no meio do espelho d’agua. Lindo demais!!!

O jardim
A gruta
Aves ( patos, marrecos, pombos e garça)
Meu lugar favorito: o Espelho D’Água
Palmeiras Imperiais

Se você estiver passeando pelo Rio, não deixe de passar o Palácio do Catete, pois além de conhecer a história política do Brasil, também se encantará com a natureza do local. Venham e divirtam-se!

Dicas práticas

Como chegar: o endereço é Rua do Catete 153, Catete, Rio de Janeiro – RJ. A melhor forma de chegar lá é de metrô, descendo na estação Catete, na porta do portão principal.

Quando visitar: o palácio está aberto todos os dias de 8 às 17h. Entrada gratuita. Já a visita ao museu funciona de terça a domingos de 11h às 17h (ingresso adquirido na bilheteria). Dica: às quartas e domingos a entrada do museu também é gratuita.

Dica Especial: você pode combinar a visita ao Palácio do Catete com outros passeios nas redendezas, como por exemplo, o Cristo Redentor, o Aterro do Flamengo, o Museu das Telecomunicações, entre outros. Você pode elaborar um desses passeios na parte da manhã, almoçar na região e na parte da tarde visitar o Palácio do Catete. Fica a dica da Carioca.


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