O Centro do Rio de Janeiro possui lugares muito interessantes para passear. Caminhar pelas ruas é uma verdadeira aula de história., não só pela arquitetura e monumentos como também a variedade de museus e centros culturais para visitar. Após a construção do Boulevard Olímpico (Orla Conde) e com o VLT tudo ficou ainda mais acessível. O artigo de hoje traz uma super dica de passeio: O Espaço Cultural da Marinha (ECM). Dicas da Carioca esteve lá para mostrar para você, caro leitor, tudinho… Um passeio cultural imperdível! Quer saber mais? Então acompanha que vem dica boa por aí…
Para chegar no ECM sugiro ir de metrô. Para isso você tem duas opções. A primeira é descer na estação Uruguaiana e ir caminhando pela Presidente Vargas em direção a Igreja da Candelária até a Orla Conde. São uns 10 minutos de caminhada. A outra opção é descer na estação Cinelândia ou Carioca e pegar o VLT (linha 2) que vai em direção a estação das barcas na Praça XV. Essa é uma opção mais divertida para as crianças que adoram pegar o trenzinho. Então fica a seu critério.
Logo na bilheteria você tem opções de comprar o ticket que inclui apenas a visita ao Espaço Cultural e Museu Naval ou comprar os passeios o combo com os passeios marítimos:
- O Museu Naval: que fica no prédio em frente, onde você tem um acervo interessante sobre a história da marinha e grandes navegações.
- Passeio Marítimo: passeio de barco guiado que percorre a Baía de Guanabara onde você pode curtir a cidade sob uma nova perpectiva, vendo o Rio do mar. Tem um artigo do blog onde mostro um pouco sobre esse passeio (na época eu fiz particular, mas tem essa opção muito mais em conta através do ECM). Quer ver o artigo é só clicar aqui.
- Passeio Ilha Fiscal: também é um passeio guiado onde pegamos um barco até aquele castelo azul que fica no meio da Baía de Guanabara. O passeio completo dura por volta de duas horas. Vou falar sobre isso ainda nesse artigo.
Pontos de atenção: o ECM funciona de terça a domingo incluindo feriados, mas por ficar muito próximo ao mar, possui restrição de funcionamento em caso de tempestade. Logo, em dia de chuva é sempre bom ligar para conferir antes de ir. Outra dica, às terças a visita ao Espaço e ao Museu Naval costuma ser gratuita, exceto em caso de feriado. Fica a dica. Agora vamos passear?
O Espaço Cultural da Marinha
O Espaço Cultural além de um visual incrível da Baía de Guanabara, possui 5 atrativos para conhecer:
- Nau do descobrimento: é um modelo de uma nau do século XV da época do descobrimento do Brasil. Podemos observá-la apenas por fora, mas já dá para ter uma noção de como era uma embarcação da época.
- Helicóptero Sea King: é um helicóptero antisubmarino equipado com sonar, armado com misseis, bombas e torpedos para combater submarinos. Esse modelo foi muito usado em operações de salvamento e recuperação de capsulas Apollo do programa espacial norte americano. Também aberto a visitação interna.
- Navio Bauru: é um navio de guerra da década de 40 que foi da marinha americana e depois de alguns anos de uso foi transferido para marinha brasileira. Foi utilizado durante a Segunda Guerra Mundial participando de missões de apoio no transporte de tropas e patrulhamento em zonas de guerra. Podemos visitá-lo por dentro e observar a tecnologia e estrutura da época. É muito legal!
- Submarino Riachuelo: construído na década de 70 na Inglaterra e incorporado a Armada brasileira em 1977. Passou 20 anos em operação quando foi transformado em museu. Também podemos visitá-lo por dentro e observar sua estrutura interna. É muito bacana pensar na realidade de quem um dia já esteve trabalhando nele. Deve ser muito difícil viver um cotidiano em um espaço tão limitado e sabendo que você está dentro do mar. Uiii!!! Tem que ter um psicológico muito bem trabalhado, não é mesmo?
- Rebocador Laurindo Pitta: construído na Inglaterra, em 1910, por encomenda do Governo brasileiro, o Laurindo Pitta participou, em 1918, da Primeira Guerra Mundial, em tarefas de apoio. Único remanescente da Divisão Naval em Operações de Guerra (DNOG), este rebocador de alto-mar possui 39m de comprimento, 8m de boca, desloca 514t e tem velocidade máxima de 11 nós (cerca de 20 km/h). Prestou serviço de rebocador ao Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro e à Base Naval do Rio de Janeiro até a década de 90. Em 1997, a Marinha o restaurou, colocando assentos para 90 passageiros, e adaptando um compartimento onde apresenta a exposição permanente A Participação da Marinha na Primeira Guerra Mundial. Desde então, vem sendo empregado na realização do Passeio Marítimo pela Baía de Guanabara.
O Museu Naval
Fica em um prédio centenário na Rua Dom Manuel, 15 (próximo ao prédio da Alerj na Praça XV). Apesar de ficar um pouco escondido não tem como não notar a beleza arquitetônica do prédio.
Logo no hall de entrada existe o mapa onde podemos ter uma noção geral do espaço para visitação. O museu possui em seu acervo, modelos navais, obras de arte, canhões resgatados de navios naufragados, figuras de proa, medalhas e documentos históricos. No térreo tem uma exposição de longo prazo, sempre relacionada ao tema marítimo. No dia da minha visitação foi sobre O Poder Naval na Formação do Brasil que destaca a importância do Poder Naval na história da navegação desde a época das grandes navegações (no século XV), as tecnologias da época para construção de navios, o descobrimento e a colonização, as invasões e ameaças que o Brasil sofreu no decorrer dos tempos, a independência, a relação do poder naval com a política, a guerra contra o Paraguai, etc. No segundo andar, ficam as áreas de exposição temporária e uma sala de Ação Educativa, onde ocorrem peças teatrais e atividades de arte-educação para o público infanto-juvenil.
Ainda no térreo temos um pátio interno com um visual interessante. Há um móbile com mais de 50 pássaros representando aves que sobrevoam os mares do Brasil e, no piso, em grandes vitrines, são encontrados um torpedo B-57, de 1894, e uma mina utilizada na Segunda Guerra Mundial.
A Ilha Fiscal
Sabe aquela ilha que fica no meio da Baía de Guanabara que tem um castelo azul belíssimo? Pois é dela mesmo que estou falando…a Ilha Fiscal. Hoje ela é um museu aberto a visitação, mas um dia esse local já foi palco de pelo menos dois acontecimentos históricos importantes. Além da beleza arquitetônica visível, visitar a Ilha Fiscal é uma aula de história que vale cada minuto da visita guiada.
O passeio começa já pelo translado de barco que é muito rápido, mas a paisagem é deslumbrante: Baía de Guanabara, a visão do centro histórico visto no mar, Ponte Rio-Niterói, Aeroporto Santos Dumont, Ilha de Villegagnon e as montanhas do Pão de Açúcar no fundo…lindo demais!!!
A Ilha Fiscal possui esse nome pois ali funcionava o posto da Guarda Fiscal na época do Império (século XIX). Ficou muito famosa por ser o local onde aconteceu o último baile imperial dias antes do golpe de 15 de novembro (Proclamação da República). Em 1893, a ilha voltou a ser alvo de mais um acontecimento histórico: a Revolta da Armada que devido aos combates destruíram parte do castelo. Atualmente, abriga um museu histórico-cultural da marinha e sempre está sofrendo reformas e manutenções com a finalidade de conservação do patrimônio histórico.
Chegando na ilha, somos tomados por um desejo incontrolável de fotografar…aliás lanço o desafio: a pessoa que atracar na ilha e não tirar nenhuma fotografia ganha um prêmio (rss). A tentação de muitos ângulos da cidade maravilhosa é de pirar o cabeção!!! Depois de alguns minutos de fotos, o guia organiza a galera para o tour.
A princípio, o projeto para construção da ilha era muito simples, devido a finalidade do local, que era estratégico para um posto de fiscalização alfandegário. Para construção foi necessário aterrar grande parte da área. Durante a obra, o Imperador D.Pedro II foi fazer uma visita ficando encantado com o lugar: uma ilha no meio da Baía de Guanabara (que na época era limpa) cercada por montanhas (hoje ainda observamos muitos prédios, mas na época não tinha nenhum, apenas as montanhas e o horizonte). A paisagem era tão linda, gerando a seguinte expressão do imperador: “essa ilha é um delicado estojo digno de uma bela jóia”. Assim, a pedido do imperador, o projeto foi alterado e construído esse lindo castelo. A construção imita a arquitetura medieval da região de Provence (França), em estilo gótico, com muitas pedras. Naquela época não havia máquina o suficiente para quebrar as pedras, que chegavam na ilha em grandes embarcações, ainda em tamanho grande e eram quebradas e polidas por um processo artesanal.
Ao observarmos o topo do prédio podemos perceber o brasão do império esculpido na pedra. Aí vem a questão: com a Proclamação da República porque aquele símbolo não foi destruído como a maioria das coisas? A explicação que a guia nos deu é que aquele brasão antes de ser um objeto político, era um objeto de arte e por esse motivo foi preservado. Graças a isso, ainda temos um dos poucos símbolos do império brasileiro originais.
Agora, vamos visitar o interior do palácio, onde aconteceu o último baile do império. A grande festa ocorreu em 9 de novembro de 1889 e virou o símbolo da ostentação da monarquia: três mil convidados!!! A maioria ficou na parte externa do palácio e entravam somente para dançar nos salões. Apenas três salas estão abertas à visitação.
A primeira delas é a câmara do almirante, local onde ficava o chefe da fiscalização. Com uma vista privilegiada, ele tinha a oportunidade de acompanhar de perto tudo que acontecia na ilha. Na noite do baile, foram retirados os móveis cotidianos e montado um local reservado para uma pequena cerimônia em homenagem ao Comandante Banen(navio chileno Almirante Cochrane). O local é bem pequeno e estavam presentes apenas o imperador, a princesa Isabel, seu marido (Conde D’Eau), o Visconde de Ouro Preto e o homenageado da noite. Após a cerimônia a sala foi fechada e nunca mais foi aberta. O chão dessa sala é o único original do castelo. Os vitrais são belíssimos e em cada extremidade da sala, temos de um lado, a figura de D.Pedro II (abaixo o brasão brasileiro, representando o pai D.Pedro I e o do outro da Austria, representando a mãe Leopoldina). Do outro lado da sala temos a Princesa Isabel vestida com traje militar que ela usava em algumas cerimônias oficiais, como por exemplo, a assinatura da Lei Aurea.
Em seguida nos encaminhamos para uma segunda sala aberta à visitação. Trata-se da sala que no dia do baile foi decorada como um espaço reservado para privacidade e conforto para família imperial. Possui uma ante-sala com alguns móveis do estilo da época, uma sala com mesa de jantar (simulando o banquete) e objetos antigos. Com certeza o ponto forte desse ambiente é o famoso quadro de Francisco Aurélio Figueiredo que retrata a noite do último baile do império. Na verdade essa é uma cópia, o original encontra-se no Museu Histórico Nacional.
Nesse quadro, podemos observar as pessoas espalhadas na parte externa da ilha durante o baile. Olhe para o canto esquerdo do quadro, um grupo de pessoas, entre elas um senhor de barba branca…é o imperador, D.Pedro II. Ao lado dele uma mulher de cabeça baixa, é a Dona Tereza Cristina e atrás dela está princesa Isabel com um arranjo de diamantes na cabeça com seu marido, Conde D’Eau. No quadro também podemos notar as embarcações enfeitadas que chegavam com os convidados. As belas montanhas do Rio de Janeiro estão bem visíveis no quadro. Na parte superior, podemos notar dois momentos separados por uma nuvem negra. De um lado um padre tocando violino, como se fosse uma festa no céu e uma princesa sendo coroada. Do outro lado, a figura representativa da república, chegando com a bandeira do Brasil e uma cavalaria do exército.
Depois de uma explicação sobre o ambiente, é passado um vídeo como se você estivesse chegando na ilha na noite do baile e uma das convidadas te recebendo e contando um pouco a sua visão da festa, do luxo, das roupas e da visão deslumbrada de um membro da nobreza na época.
Depois partimos para a terceira sala aberta à visitação. Trata-se dos salões do baile, onde os convidados dançavam. Nesse local foi feito um museu da marinha. A primeira parte é um pouco escura com objetivo de simular as navegações da época, com modelos de embarcações antigas e recursos audio-visuais.
Depois a sala fica bem colorida, com algumas alegorias utilizadas pela escola de samba Portela quando teve o enredo sobre a marinha. E para finalizar, temos alguma informações sobre o mar e as riquezas extraídas dele (como o petróleo, por exemplo).
Achei interessante algumas informações sobre projetos da marinha que muitas pessoas desconhecem. Um deles é o Navio da Esperança que tem como objetivo realizar assistência médico-hospitalar, odontológica e sanitária às populações ribeirinhas na Amazônia e no Pantanal. Outro é o Programa Antártico Brasileiro que coordena e dá apoio a pesquisa na Antártica.
Para finalizar o texto, segue um vídeo com algumas imagens gravadas durante o passeio. Gostaria de agradecer a atenção da guia Márcia Todeschini, as informações dela foram muito úteis para elaboração desse artigo. Se você gostou desse post, compartilhe para seus amigos e se quiser pode deixar sua opinião nos comentários abaixo.
Vídeo Ilha Fiscal (clique aqui)
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