Blog Dicas da Carioca

Centro do Rio, berço histórico do Brasil

O Rio de Janeiro é uma cidade com muitas possibilidades turísticas que atende a todos os gostos. Mas tem um tipo de turismo que me encanta: o turismo histórico-cultural. Foi aqui no Rio que praticamente tudo começou, a chegada da família real, o período imperial, a república, enfim, são muitos anos de história do nosso país enraizada pelas ruas da cidade, principalmente no centro. Nesse artigo pretendo percorrer o centro do Rio contando a história de alguns pontos que não podem passar despercebidos. Vem comigo…

Cinelândia, modernização para a República

A área da Cinelândia é um local histórico no Rio de Janeiro e também para nosso país, pois já foi palco de várias manifestações políticas importantes e até hoje é um dos locais favoritos para os protestos e manifestações dos cariocas, perdendo praticamente só para a Praia de Copacabana.

Esta área nem sempre foi como é. Outrora, no local havia um morro, chamado Castelo; um hospital referência para tratamentos infantis; e muitos cortiços.

No início do período republicano e com o fim da escravidão, ocorreu um forte crescimento de casarios/cortiços favorecendo, com isso, o surgimento e a propagação de várias doenças endêmicas. Como solução, no início do século XX, o então prefeito Pereira Passos organizou uma força tarefa com o objetivo de educar a população acerca de hábitos de higiene e para promover também uma grande reforma urbana para “sanear” a cidade, demolindo traços de um Rio colonial. A ideia foi construir uma grande avenida e um largo com dezenas de bares, cinemas, teatros, criando uma “Times Square brasileira”, dando origem a região da Cinelândia, ou seja, “cidade dos cinemas”.

Cinelândia - Praça Floriano
Cinelândia (Praça Marechal Floriano) após a reforma com o arrasamento do Morro do Castelo

No local escolhido havia um morro denominado Castelo que foi arrasado (foto abaixo, cortesia de @morrodocastelo) para dar lugar à avenida, hoje, chamada Rio Branco e à Praça Marechal Floriano, em homenagem ao segundo Presidente do Brasil. No entorno dessa praça, além dos cinemas, bares e restaurantes, encontramos importantes edificações, como o Teatro Municipal, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro, a Biblioteca Nacional, o Museu Nacional de Belas Artes e o Centro Cultural da Justiça Federal.

Cinelândia (Praça Floriano) como está atualmente.

Largo da Carioca

A história do Largo da Carioca e a do Brasil estão ligadas diretamente ao Convento de Santo Antônio. O Convento, tombado pelo IPHAN, é formado pelo conjunto de prédios composto pelo convento, a Igreja de Santo Antônio e a Igreja de S Francisco da Penitência.

Largo da Carioca
Largo da Carioca, em destaque, um relógio sob um lampadário. Ao fundo, as edificações do Convento de Santo Antônio (prédio mais longo à esquerda), a Igreja de Santo Antônio (no meio) e a Igreja de S Francisco da Penitência à direita,

No início da colonização, no local havia uma lagoa. Às suas margens, freis franciscanos se fixaram, por volta de 1562, e deram a ela o nome de Lagoa de Santo Antônio. Junto ao local abriram uma via chamando-a Rua da Vala, onde hoje é a Rua Uruguaiana. O prédio do convento só foi construído em 1608 e, em 1615, a Igreja de Santo Antônio foi inaugurada.

Em 1633, foi iniciada a construção de outra igreja, sendo a obra suspensa várias vezes devido a desavenças na irmandade. A Igreja só foi concluída em 1773, recebendo o título de São Francisco da Penitência, uma joia do barroco brasileiro, com seu interior decorado por talhas douradas.

Com a chegada da corte portuguesa ao Rio, o convento de Santo Antônio passou a ter um papel fundamental na história do nosso país em vários aspectos, sendo chamado por historiadores como “útero da independência”.

D. João VI, particularmente muito devoto de São Francisco, fez votos de que, em todos os dias 4 de outubro – dia do santo – participaria da missa no convento, dando origem a uma grande festa. Toda a família real vinha de carro de gala de São Cristóvão até o local, acompanhada pela corte e um esquadrão da cavalaria. Durante a subida da ladeira do convento repicavam os sinos.

Com o retorno de D. João para Portugal, seu filho, D. Pedro, como Príncipe Regente, passou a frequentar o convento para obter conselhos de Frei Sampaio, que contribuiu imensamente para as mudanças políticas da época, sendo ele o responsável por redigir o discurso do Dia do Fico, proclamado por D. Pedro no Paço Imperial, e por ajudar na elaboração da primeira constituição do Império brasileiro. Após a independência, Frei Sampaio permaneceu no Brasil, junto ao imperador, que o nomeou bispo coadjuntor.

Além da beleza arquitetônica das edificações, há no meio do Largo um suntuoso relógio sob um lampadário de ferro fundido, de 1909.

Praça XV de Novembro

Muitos dos que hoje passam pela Praça XV de Novembro no centro do Rio de Janeiro, talvez para pegar uma barca para ir a Niterói ou Paquetá, não imaginam quanta coisa já aconteceu de importante no local e quanto a praça em si já foi modificada.

Inicialmente, no século XVIII, a Praça XV foi chamada de Várzea de Nossa Senhora do Ó, Largo do Terreiro da Polé, Largo do Carmo, Praça do Carmo, Terreiro do Paço e Largo do Paço. Em 18 de março de 1870, a Câmara da cidade decretou que o lugar passaria a se chamar Praça Dom Pedro II. Somente após a Proclamação da República, ocorrida em 15 de novembro de 1889, o espaço passou a ter o nome atual.

Vamos à sua história: Pouco tempo depois do descobrimento do Brasil, frades carmelitas receberam de doação um terreno na Rua Direita (atual Primeiro de Março), próximo à praia, onde havia uma pequena capela dedicada à N Sra do Ó. Ali, eles construíram um convento.

Cerca de dois séculos depois a capela desabou. No lugar, foi construída uma igreja sendo sagrada à Nossa Sra. do Carmo, em 1770.

Praça XV de Novembro no início do século XIX, pintura de Eduardo Camões
Praça XV de Novembro no início do século XIX, pintura de Eduardo Camões

Com a chegada da família real portuguesa e de sua corte ao Rio, em 1808, o Paço dos Vice-Reis (atual Paço Imperial) foi utilizado como casa de despachos da corte.

Os carmelitas que ocupavam o Convento do Carmo foram transferidos para a Igreja de Nossa Sra. do Carmo da Lapa do Desterro, no limite da Glória, e a rainha D. Maria I passou a residir no convento, sendo isolada neste local por causa dos seus surtos de loucura.

A Igreja de Nossa Senhora do Carmo, por ser o templo mais próximo, foi designada por D. João VI como nova Capela Real Portuguesa, e foi palco de importantes eventos, como a sagração de D. João VI como rei de Portugal, em 1816, após a morte de D. Maria I. Ali também o príncipe D. Pedro, futuro imperador do Brasil, recebeu sua esposa D. Leopoldina, em 1817, com quem tinha se casado por procuração alguns meses antes, na Itália. Após a independência do Brasil, como Capela Imperial, sediou as cerimônias de sagração dos imperadores D. Pedro I e D. Pedro II, bem como o casamento da Princesa Isabel com Louis Phillippe Gaston d’Orléans, o Conde D’Eu, em 1864.

Após a Proclamação da República, esta Igreja passou a ser a Catedral do Rio de Janeiro, ficando assim até 1976, quando foi inaugurada a Catedral de São Sebastião, na Avenida Chile. Por isso esta igreja é conhecida também como Antiga Sé.

Paço Imperial, pintura de Jean-Baptiste Debret, cerca de 1830
Vista da Praça do Paço, pintura de Jean-Baptiste Debret, cerca de 1830. À direita vemos o Paço Imperial. Em destaque, no centro, o Chafariz da Pirâmide. Ao fundo o Convento do Carmo, a Igreja de Nossa Sra. do Carmo e a Igreja da Ordem Terceira do Carmo.

Acesse também nosso post no Instagram: https://www.instagram.com/p/Cljz3xYrd2R/

Até a construção do Cais do Valongo, a Praça XV foi o principal ponto de desembarque de escravos africanos na cidade. A praia, na época chamada de Praia do Peixe, ficava rente às escadarias do Chafariz da Pirâmide, obra do Mestre Valentim, construído no governo do vice-rei dom Luís de Vasconcelos, inaugurado em 1789.

Chafariz da Pirâmide, obra de Mestre Valentim

A Praça XV abriga também várias edificações importantes, entre elas, a Igreja da Ordem Terceira do Carmo; o Convento do Carmo, hoje desfigurado, atualmente sob cuidados da Procuradoria Geral do Estado; o Chafariz Mestre Valentim; a Estação das Barcas; o Arco dos Teles; e o Paço Imperial, que foi palco da decisão de Dom Pedro I de permanecer no Brasil, descumprindo as ordens da Coroa portuguesa para que voltasse para a Europa imediatamente, resultando oito meses depois na Proclamação da Independência, em 1822. Um dado curioso é que o Paço Imperial foi o primeiro imóvel da cidade do Rio de Janeiro a ter janelas de vidro, tendo sido erguido no local para ser o Palácio dos Governadores e Casa da Moeda.

Paço Imperial, concluído em 1745

Palácio Tiradentes

Caminhar pelos salões e corredores do Palácio Tiradentes é conhecer os aspectos sociais e políticos da história do Brasil.

Em 1640, ainda no Brasil Colônia, foi construído no local o primeiro edifício que serviu para abrigar os 3 vereadores que cuidavam da cidade e das finanças públicas. No subsolo havia a Cadeia Velha. Foi lá que Tiradentes (mártir da independência) passou seus últimos dias, em 1792.

Com a vinda da Corte Real Portuguesa para o Brasil, em 1808, o prédio passou a servir como Câmara Imperial. Foi nesse local que foi assinada a Lei Áurea, em 1888.

Acesse também nosso post no Instagram: https://www.instagram.com/p/ClgRpJPqv-5/

Com a Proclamação da República, instalou-se no prédio a Câmara dos Deputados. Em 1922, o prédio foi demolido para dar lugar ao Palácio Tiradentes, acolhendo a sede da Câmara de Deputados até a inauguração de Brasília.

Palácio Tiradentes, prédio onde atualmente funciona a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro

Antes da transferência da capital para Brasília, era no salão nobre do Palácio Tiradentes que os presidentes eleitos a partir de 1926 tomavam posse, indo, em seguida, à sacada cumprimentar o povo.

Na Era Vargas, o palácio foi fechado para atividades legislativas e passou a funcionar nesse local o Ministério da Justiça e o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).

Com o fim dessa Era, o palácio passou a funcionar como Assembleia Nacional Constituinte. Após a transferência da capital para Brasília, o Poder Legislativo estadual mudou-se para a Cinelândia, no atual Centro Cultural da Justiça, e o palácio permaneceu como uma simples repartição pública. Somente em 1975, com a fusão dos Estados de Guanabara e Rio de Janeiro, o edifício voltou a ser sede da ALERJ.

Escadaria do Palácio Tiradentes

Zona Portuária – Praça Mauá

A Zona Portuária do Rio começa na Praça Mauá e adentra alguns bairros centrais como Gamboa, Santo Cristo e Saúde. Há poucos anos, para as Olimpíadas de 2016, essa região sofreu uma grande reforma. Antes era uma área bem abandonada e marginalizada, hoje, ela está revitalizada e até virou ponto turístico com várias atrações interessantes, com museus, roda gigante e faz parte da Orla Conde.

No próximo artigo escreverei com mais detalhes sobre essa região que possui uma bagagem histórica incrível e hoje se transformou em um ponto turístico imperdível no Rio de Janeiro. Enquanto isso, que tal deixar um comentário sobre o que achou desse artigo. Fique à vontade de tirar dúvidas e até mesmo sugerir temas para os próximos artigos. Sua opinião é muito importante!!!

Super dica da carioca…

Se você está vindo para o Rio de Janeiro e está buscando hospedagem perto das atrações citadas nesse artigo, ou seja, centro da cidade, então dá uma conferida nas ofertas do Booking.com. Comprando através do nosso link de parceria, você nos ajuda a manter nosso trabalho por aqui. É só clicar na figura abaixo.


♦♦♦ Visite o Rio de Janeiro com a Booking.com ♦♦♦


 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima